José Luiz Pires de Campos, o homem e o Mangalarga.

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24/08/2012 - Homenagem a José Luiz Pires de Campos, pai do sócio da APCGIL. José Luiz Pires
O Mangalarga, uma das grandes paixões de José Luiz Pires de Campos.

Jaú, 21 de agosto de 2012

José Luiz Pires de Campos, o homem cavaleiro que amou os cavalos. Amigo, de onde será que você herdou esse amor tão grande por esses animais? Terá sido você um CENTAURO da Mitologia Grega? Terá você voado no cavalo alado Pégaso? Talvez você tenha sido o Alexandre, Rei da Macedônia, com seu extraordinário Bucéfalo ou quem sabe, um Napoleão Bonaparte, com seu imponente Marengo. Não, amigo, acho que você não foi nada disso, pois esses homens passaram para a história pela violência de suas conquistas. Você, nosso amigo, foi apenas o José Luís Pires de Campos, o Zé Luís, aquele homem que sem entrar para a história, vai marcar época no coração daqueles que o amaram por seu temperamento firme no cavalgar e, principalmente, por seu amor aos cavalos, mais especificamente da raça manga-larga.
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Neste momento, amigo, você deve estar num plano muito melhor, pois está livre do pesado fardo da carne, e a essa hora já deve estar acariciando os amigos que o precederam nessa viagem, aqueles amigos que, considerados irracionais, nunca o decepcionaram, só lhe deram alegrias. Agora, cavalgando seus cavalos alados, nessa nova morada, amigo, continue vibrando com a beleza do extraordinário Maxixe, com a nobreza do Sheik, com o andar maravilhoso do Pensamento, com a lealdade do Tarik, e com a docilidade do Arali, seus verdadeiros amigos. A você, Zé Luiz, nosso amigo de todas as horas que muito nos ensinou e que nos deixou um grande legado que é exatamente nosso a esses animais, nosso muito obrigado. Obrigado pelas horas felizes que passamos juntos, obrigado pelos valiosos ensinamentos que você nos deu e pelos conselhos e confortos nas horas incertas. Obrigado por você ter existido e principalmente por o termos conhecido. Acima de todas as mesquinharias da terra, nossa grande amizade. Até um dia querido amigo José Luís." Euripedes Martins Romão G

Vídeo produzido por José Marcio Castro Alves

Caros amigos, Marco e Thiago, parceiros de aventuras históricas.

Aos prezados parceiros da lavra de garimpar nossas raízes históricas. O mestre Euclides da Cunha nos impede de tentarmos forjar uma identidade paulista x mineira ou vice-versa, diferenciando-nos de costumes colonialistas antagônicos. Somos todos filhos das *Entradas e Bandeiras paulistas, cabos de uma mesma enxada. Teimosos e birrentos, turrões e amansadores de burros, somos paulistas, pois a significação histórica deste nome abrange os filhos de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas e regiões do Sul, diz Euclides da Cunha. Se não, vejamos.





(...) Grande parte do século 17 é dominada pelas lendas sombrias dos caçadores de escravos, centralizados pela figura brutalmente heróica de Antônio Raposo Tavares.
Abriram se desde o alvorecer do século 17, nos sertões abusivamente sesmados, enormíssimos campos, compáscuos sem divisas, estendendo se pelas chapadas em fora (...)
Abria os, de idêntico modo, o fogo livremente aceso, sem aceiros, avassalando largos espaços, solto nas lufadas violentas do nordeste. Aliou-se-lhe ao mesmo tempo o sertanista ganancioso e bravo, em busca do silvícola e do ouro. Afogado nos recessos de uma flora estupenda que lhe escurentava as vistas e sombreava perigosamente as tocaias do tapuia e as tocas do canguçu temido, dilacerou-a golpeando-a de chamas, para desafogar os horizontes e destacar bem perceptíveis, tufando nos descampados limpos, as montanhas que o norteavam, balizando a marcha das bandeiras (...)
Segundo o que se colhe em preciosas páginas de Pedro Taques, foram numerosas as famílias de São Paulo que, em contínuas migrações, procuraram aqueles rincões longínquos, e acredita-se, aceitando o conceito de um historiógrafo perspicaz, que o "vale de S. Francisco, já aliás muito povoado de paulistas e de seus descendentes desde o século 18, tornou-se uma como colônia quase exclusiva deles". É natural por isto que Bartolomeu Bueno, ao descobrir Goiás, visse, surpreendido, sinais evidentes de predecessores, anônimos pioneiros que ali tinham chegado, certo, pelo levante, transmontando a serra de Paranã; e que ao se reabrir em 1697 o ciclo mais notável das pesquisas do ouro, nas agitadas e ruidosas vagas de imigrantes, que rolavam dos flancos orientais da serra do Espinhaço ao talvegue do rio das Velhas, passassem mais fortes talvez, talvez precedendo as demais no descobrimento das minas de Caeté, e sulcando-as de meio a meio, e avançando em direção contrária como um refluxo promanado do Norte, as turmas dos "baianos", termo que, como o de "paulista", se tornara genérico no abranger os povoadores setentrionais (...)




Veio depois o colonizador e copiou o mesmo proceder. Engravesceu o ainda com o adotar, exclusivo, no centro do país, fora da estreita faixa dos canaviais da costa, o regímen francamente pastoril (...)
Preso no litoral, entre o sertão inabordável e os mares, o velho agregado colonial tendia a chegar ao nosso tempo, imutável, sob o emperramento de uma centralização estúpida, realizando a anomalia de deslocar para uma terra nova o ambiente moral de uma sociedade velha (...)
Bateu-o, felizmente, a onda impetuosa do Sul. Aqui, a aclimação mais pronta, em meio menos adverso, emprestou, cedo, mais vigor aos forasteiros. Da absorção das primeiras tribos surgiram os cruzados das conquistas sertanejas, os mamalucos audazes. O "paulista" - e a significação histórica deste nome abrange os filhos do Rio de Janeiro, Minas, São Paulo e regiões do Sul - erigiu-se como um tipo autônomo, aventuroso, rebelde, libérrimo, com a feição perfeita de um dominador da terra, emancipando-se, insurreto, da tutela longínqua, e afastando-se do mar e dos galeões da metrópole, investindo com os sertões desconhecidos, delineando a epopéia inédita das "bandeiras" (...)
Daí o traçado eloqüentíssimo do Tietê, diretriz preponderante nesse domínio do solo. Enquanto no S. Francisco, no Paraíba, no Amazonas, e em todos os cursos d'água da borda oriental, o acesso para o interior seguia ao arrepio das correntes, ou embatia nas cachoeiras que tombam dos socalcos dos planaltos, ele levava os sertanistas, sem uma remada, para o rio Grande e daí ao Paraná e ao Paranaíba. Era a penetração em Minas, em Goiás, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, no Mato Grosso, no Brasil inteiro. Segundo estas linhas de menor resistência, que definem os lineamentos mais claros da expansão colonial, não se opunham, como ao norte, renteando o passo às bandeiras, a esterilidade da terra, a barreira intangível dos descampados brutos (...)
Assim é fácil mostrar como esta distinção de ordem física esclarece as anomalias e contrastes entre os sucessos nos dois pontos do país, sobretudo no período agudo da crise colonial, no século 17 (...)





Os homens do Sul irradiam pelo país inteiro. Abordam as raias extremas do Equador. Até aos últimos quartéis do século 18, o povoamento segue as trilhas embaralhadas das bandeiras. Seguiam sucessivas, incansáveis, com a fatalidade de uma lei, porque traduziam, com efeito, uma queda de potenciais, as grandes caravanas guerreiras, vagas humanas desencadeadas em todos os quadrantes, invadindo a própria terra, batendo a em todos os pontos, descobrindo a depois do descobrimento, desvendando-lhe o seio rutilante das minas (...)
Constituiu-se, desta maneira favorecida, a extensa zona de criação de gado que já no alvorecer do século XVIII ia das raias setentrionais de Minas a Goiás, ao Piauí, aos extremos do Maranhão e Ceará pelo ocidente e norte e às serranias das lavras baianas, a leste. Povoara-se e crescera autônoma e forte, mas obscura, desadorada dos cronistas do tempo, de todo esquecida não já pela metrópole longínqua senão pelos próprios governadores e vice reis. Não produzia impostos ou rendas que interessassem o egoísmo da coroa. Refletia, entretanto, contraposta à turbulência do litoral e às aventuras das minas, "o quase único aspecto tranqüilo da nossa cultura". A parte os raros contingentes de povoadores pernambucanos e baianos, a maioria dos criadores opulentos, que ali se formaram, vinha do sul, constituída pela mesma gente entusiasta e enérgica das bandeiras (...)



Concluo que se abrirmos ao acaso a panela da casa de um caboclo qualquer das zonas do noroeste paulista ou sul de Minas, por exemplo, haveremos de encontrar as mesmas misturas e condimentos, o mesmo sotaque e os traquejos de perícia e desconfiança bem aparentados, além da preguiça intelectual e a idêntica lerdeza conformista dos tementes a Deus.
Os mesmos valores morais e espirituais nos regem, invisíveis, fazendo-nos seres hipoteticamente diferenciados apenas pela simpatia de um clube ou na tênue condição se servo ou senhor.
Os eufemismos são compreensíveis. Mas os que se julgam superiores pela simples divisa imaginária delimitadora de um estado ou território, todos nascidos recentemente e colonizados pelos mesmos portugueses, carecem de humildade e leitura, deveres nem sempre cumpridos pelos nossos educadores.

José Márcio Castro Alves

*Entradas eram expedições financiadas pela coroa portuguesa e Bandeiras eram expedições financiadas por particulares.

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Tiradentes ou Roy Rogers? Como se contrói uma lenda.


No site Cronologia da História Universal da Enciclopédia Mirador, não consta os nomes de Tiradentes ou dos inconfidentes. O site não faz qualquer alusão à inconfidência mineira. Ao digitar o período de 1789 a 1792, espaço que vai da prisão dos inconfidentes até a execução de Tiradentes, nenhuma palavra ou citação a respeito. Já os sites nacionais, colocam a inconfidência mineira lado a lado com a independência norte americana e a revolução francesa, como se os três fossem fatos interligados. Para tais historiadores, a figura do Tiradentes tem o mesmo peso histórico universal de um George Washington ou dos iluministas franceses. Pelas ilustrações que sempre se fizeram e ainda se faz da nossa mais proeminente figura histórica das Minas Gerais, o Tiradentes, é muito triste ver a que ponto o ridículo pode chegar. Clique aqui e confira a enciclopédia.



Os Evangelhos, tal qual conhecemos, foram escritos entre 70 e 115 d.C., manipulados através dos tempos com desenvoltura e liberalidade, não tendo os escritores qualquer indecisão em modificá-lo para expressar aquilo que eles considerassem condizer e conduzir à maior glória de N. S. Jesus Cristo ou para alinhá-lo aos pontos de vista das seitas de que fossem adeptos. Eles foram escritos em grego, enquanto que o idioma falado por N. S. Jesus Cristo era o aramaico. A Última Ceia (em italiano L'Ultima Cena e também Il Cenacolo) é uma pintura de Leonardo da Vinci para o seu protetor, o Duque Lodovico Sforza. Foi pintada entre 1495 a 1497 d.C, portanto, 1.500 anos após o acontecido.

Fundada por volta de 1702, a cidade de São José do Rio das Mortes receberia do recém instalado governo provisório da república o nome de Tiradentes, cem anos após o episódio dos chamados inconfidentes (traição ao rei). O decreto é o de número 3 do governo provisório republicano, datado de 06 de dezembro de 1889, dias depois do golpe militar.





O quadro Tiradentes Esquartejado, de Pedro Américo (1893) - imbatível em todos os aspectos, foi assinado quatro anos após a instauração do governo provisório da república, ou seja, 101 anos após a morte de Tiradentes. Além de retratar o próprio N. S. Jesus Cisto esquartejado, o pintor ainda colocou um crucifixo rente à cabeça do morto. Cristo pregado na cruz e um outro Cristo esquartejado em Minas Gerais, um modelo perfeito para o imaginário popular. É que Pedro Américo sabia como fazer história. Foi ele o autor de quadros importantíssimos como A Batalha do Avaí e Independência ou Morte, exaltando a figura de Dom Pedro I, o pai do seu patrono que lhe daria uma bolsa de estudos para ir estudar na Europa.
Tudo que se pintaria sobre Tiradentes seria cópia de Pedro Américo, o homem que cunhou a imagem do ícone da inconfidência assemelhado a N. S. Jesus Cristo.
Os historiadores oficiais da USP ou das universidades federais não conseguem enxergar tais evidências, do contrário já teriam publicado algo semelhante a ser ministrado nas escolas de ensino fundamental. É uma lástima o que se ensina de história no Brasil.




O local onde hoje se encontra a Praça Tiradentes, em Ouro Preto, era conhecido no século XVIII como Morro de Santa Quitéria. Após a independência do Brasil e durante quase todo o século XIX, chamou-se Praça da Independência, em homenagem ao imperador D. Pedro I, o verdadeiro, o homem que nos deu a independência sem disparar um tiro, ou melhor, sem soltar um traque.
Após o golpe de estado em 15 de novembro de 1889 e com a deportação da família imperial, cinco anos depois, em 1894, os golpistas militares que tomaram o poder com a pecha republicana inaugurariam um novo monumento na Praça da Independência. Passou a se chamar Praça Tiradentes, 102 anos após a morte do mesmo. É que os republicanos careciam de heróis com demasiada urgência, já que a primeira convenção republicana do Brasil só foi realizada em 18 de abril de 1873, na cidade paulista de Itu, com representantes das classes tanto conservadora quanto liberal de várias cidades paulistas. Vale lembrar que já se passavam 81 anos da chamada inconfidência mineira. A idéia de república era tão vaga no Brasil que só na última legislatura do império (1885-1888) é que se elegeram dois deputados republicanos, Campos Sales e Prudente de Morais, ambos paulistas. Cem anos após a inconfidência mineira, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além de todos os outros estados brasileiros, não tinham um só representante político que fosse republicano ou que pertencesse ao partido republicano, devidamente legalizado a partir de 1873.

Poucos anos depois, ainda no final do século XIX, Leopoldino de Faria pintaria A Sentença de Tiradentes, aproximadamente 110 anos após o ocorrido. Novamente a figura de uma pessoa semelhante ao semblante de N.S. Jesus Cristo, benévolo, às vésperas do suplício. É uma cópia do modelo de Tiradentes criado pelo pintor Pedro Américo, sem tirar nem por.




Ainda no final do século XIX, o prefeito de São Paulo, Antônio da Silva Prado, republicano, construiria durante o seu mandato (1899 a 1911) a Avenida Tiradentes, hoje uma das principais artérias do trânsito de São Paulo.
O Palácio Tiradentes no Rio de Janeiro (Câmara dos Deputados) seria inaugurado em maio de 1926. Já se passavam 124 anos da morte de Tiradentes. O mito seria construído vagarosamente, atendento à premissa educacional das cartilhas escolares obrigatórias que, ao cabo de apenas uma geração - 20 anos, a propaganda repetida anualmente se encarregaria de forjar na mente das pessoas a estátua fictícia de uma fantasia.






O Painel Tiradentes, de Cândido Portinari, foi realizado em 1949, com 18 metros de comprimento e 3 metros de altura, 146 anos após a morte de Tiradentes.






O Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, foi publicado em 1953, 161 anos após a morte de Tiradentes.
O país da Arcádia jaz dentro de um leque:
sob mil grinaldas,
verde-azul
floresce. Por ele resvala, resvala e se perde, a aérea palavra que o zéfiro escreve.





O processo dos inconfidentes se prolongou por três anos. Um dos acusados, o poeta Claúdio Manuel da Costa, morreu na prisão, talvez assassinado, embora a versão oficial indicasse suicídio. Dos 34 restantes, 29 foram condenados. Cinco eram clérigos, e deveriam ser degredados antes de que três deles fossem enforcados e, os dois restantes, degredados por vida. Seis dos civis, além de enforcados, teriam suas cabeças decepadas e expostas em frente de suas casas. Outros quatro seriam também enforcados, mas poupados da mutilação. Todos eles seriam castigados com o confisco dos bens e a infâmia dos descendentes até a terceira geração, penas que também alcançariam, post mortem, ao falecido Cláudio Manuel da Costa. Os restantes, entre os quais se achava o ouvidor Tomás Antonio Gonzaga - ainda irredutível na sua negativa - foram condenados ao degredo perpétuo na África.






O dia 21 de abril foi instituído feriado nacional pela lei 4.867, de 9 de dezembro de 1965, no governo do marechal Humberto de Alencar Castello Branco, 173 anos após a morte de Tiradentes.

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Dioguinho, o bandido caipira mais famoso que já andou por essas bandas.


Diogo da Rocha Figueira foi um criminoso célebre no Estado de São Paulo. Natural de Botucatu, sua vida de crimes começaria logo na mocidade quando mataria à punhaladas o namorado de uma irmã por questões de honra. Casou-se e firmou-se como agrimensor nas regiões de Cravinhos e São Simão, posteriormente na Vila Mato Grosso de Batataes (Altinópolis), onde tinha amigos e protetores. Chegou a morar por uns tempos na Vila Mato Grosso, muito embora sua vida de crimes o tranformasse num peregrino fugitivo.
Sua fama de assassino cruel e invulnerável continua viva há mais de um século depois que ele foi dado como morto no ano de 1897. O fato se dera depois de um cerco que culminou em tiroteio entre ele e a polícia, às margens do rio Mogi-Guaçú - oeste do Estado. Como o seu corpo nunca foi encontrado, a população do interior não acreditava na sua morte. Em pouco o bandido Dioguinho viraria lenda e também o autor de inúmeros crimes cometidos no imaginário popular – crimes fictícios atribuídos a ele, embora ocorridos muitas décadas após a sua morte em 1897.
Ao rever a trajetória da construção de um mito, a autora Marília Schneider* comenta a ação policial e judiciária para a captura do famoso homicida paulista, tomando por base narrativas literárias, crônicas jornalísticas e os julgamentos de habeas corpus dos acusados de cumplicidade do criminoso.
Durante o mês de abril do ano de 1897, o governo do Estado de São Paulo empreendeu uma verdadeira força-tarefa para capturar Diogo da Rocha Figueira, o “Dioguinho”, a quem se atribuía mais de 50 assassinatos praticados entre os anos de 1894 e 1897. O facínora vivia acoitado em fazendas no extremo Oeste do Estado de São Paulo, na região denominada de “Mogiana”, formada em função das ferrovias que se interligavam com a Estrada de Ferro Mogiana. Essa região abrangia a comarca de Ribeirão Preto, cidade então considerada a capital mundial do café.


É de 1903 a publicação do livro “Dioguinho, narrativa de um cúmplice em dialecto”, de Antonio de Godoi Moreira e Costa, 4º Delegado de Polícia da capital que foi o encarregado, em 1897, de comandar a captura de Diogo.
João Amoroso Netto, outro Delegado de Polícia paulista, também publicou uma série de artigos sobre Dioguinho no jornal Diário da Noite no ano de 1949. Ele utilizou a narrativa de Antonio de Godoi, acrescentando a ela informações obtidas em processos judiciais arquivados nas Comarcas de Botucatu, Ribeirão Preto e São Simão; também se apoiou “na tradição oral de pessoas idôneas”, para “descrever a vida do maior bandido paulista de todos os tempos”, no livro “Dioguinho. História completa e verídica do famoso bandido paulista”. (1949: 58) É também de sua autoria o artigo “O Dioguinho”, publicado na Revista do Departamento de Investigações da Polícia em 1949. De forma geral, este autor apenas reproduz a “Longa e macabra a relação de crimes praticados, ou a ele (Dioguinho) atribuídos.” Destacou, como Antonio de Godoi , detalhes bárbaros dos crimes atribuídos àquele bandido. Ambas as narrativas exploram o apelo emocional que a representação do homicida frio e violento suscita no leitor.
Em 2003 o jornalista João Garcia Duarte Neto lança Dioguinho, o matador de punhos de renda. No romance, que tenta resgatar a fala original do caipira do final do Século XIX, o autor sugere a homosexualidade de Dioguinho, mas sem qualquer documentação. João Garcia já havia produzido uma reportagem em vídeo em 1990 sobre Dioguinho, levada ao ar pela TV Ribeirão, afiliada da TV Globo em Ribeirão Preto, SP, baseada no livro de João Amoroso Neto e nas inúmeras entrevistas que empreendeu, além de jornais da época.



Dioguinho fez sucesso até no cinema mudo

O noticiário do lançamento do primeiro filme sobre a vida de Dioguinho (1917) é uma peça de comédia: Primeira versão sobre a vida do bandido na região araraquarense, a quem o Tenente Galinha manteve feroz perseguição (em nossas entrevistas na região de Matão e Sertãozinho, ouvimos muitas referências aos dois lendários inimigos).
O Correio Paulistano, de outubro de 1916, dá notícia da fundação da Paulista Filmes, de Guelfo Andaló, Farid Riskalah e A. Padalino e já diz que sua primeira produção, Dioguinho, estava pronta, filmada às margens do rio São Simão e para cujo trabalho, o fotógrafo João Stamato veio especialmente do Rio.
Ficha técnica: diretor, Guelfo Andaló; argumento, A. Padalino (segundo CB); fotografia de João Stamato. Elenco: Georgina Marchiani, Antônio Latari, Elvira Latari.


Quarenta anos depois, Hélio Souto viveria a mesma personagem, num filme a cores.
O romancista e crítico literário Menotti Del Picchia, comentando seus estudos para compor o romance “Dente de Ouro”, referiu-se se a Dioguinho como “o mais famoso e marcante chefe de bando” já conhecido. Este autor faz uma abordagem psico-social do bandido paulista, conhecido como “valentão”. Trata-se de tipo social característico da “civilização caipira” que o inspirou a estudar o ambiente humano em que se desdobra o drama de alguns bandidos famosos no “hinterland” paulista. O romancista cita Dioguinho, um dos valentões que, mais que famoso, já tinha sido transfigurado em formas míticas. Tendo conhecido várias versões da sua lenda, Del Picchia concluiu: “Cada ‘valentão’ se multiplica, cataliza façanhas alheias, deforma-se sentimentalmente a tomar atitudes vingadoras de cavaleiro andante e a enriquecer-se com o halo quixotesco de façanhas inidentificáveis” (1949:8).



O assassinato de José Venâncio de Azevedo Leal


Nascido por volta de 1840 em Passos - MG e falecido em 26.03.1895 em Mato Grosso de Batatais (hoje Altinópolis - SP), José Venâncio de Azevedo Leal foi vítima de uma emboscada feita pelo famoso bandoleiro Dioguinho.
José Venâncio de Azevedo Leal era capitão da Guarda Nacional, fazendeiro e sub-delegado de polícia de São Simão e de Altinópolis, ambas cidades paulistas da região de Ribeirão Preto. Possuía fazenda em São Simão, tendo se mudado de lá por volta de 1890/93, provavelmente fugindo da febre amarela. Possuía também uma fazenda em Altinópolis chamada “Liberdade”. Há indícios de que era sócio da Companhia Melhoramentos, concorrente da Companhia Mogiana.
A cavalo, retornara José Venâncio de um batizado na cidade de Batatais - SP, juntamente com seu consogro, João Batista de Souza Maia, quando foram alvejados por tiros deflagrados por Dioguinho e seus capangas.
A partir desses dois crimes, a vida do bandido Dioguinho estaria com os dias contados.

Transcrição da Certidão de óbito de José Venâncio de Azevedo Leal - Livro da Paróchia de Nossa Senhora da Piedade de Matto Grosso (Batataes)
Aos vinte e cete dias do mêz de Março de mil e oito centos e noventa e cinco sepultou se o cadaver de José Venâncio de Azevedo Leal, de idade de cincoenta e cinco cazado com D. Maria Ignocencia de Jesus, a sobrevivente deixando oito filhos; e não deixou testamento, cuja morte foi na estrada de Batataes por um tiro disparado do Matto; e para constar lavro o presente termo. O vig. Luiz G. Mochi.


Em 1990 os jornalistas João Garcia (autor do romance Dioguinho, o matador de punhos de renda) e Rosana Zaidan refizeram a vida de Diogo da Rocha Figueira, o Dioguinho, num documentário apresentado pela então TV Ribeirão, afiliada da rede Globo. Um trabalho minucioso e sem dúvida o mais rico em detalhes pormenorizados sobre a vida do bandido Dioguinho, o agrimensor de Botocatu que se tornaria o bandido mais famoso do noroeste paulista. O repentista Francisco Ferreira, conhecido por Chico louco - natural de Santa Rosa do Viterbo, foi um dos entrevistados do programa. Com toque de mestre ele descreveu a vida do bandido Dioguinho em apenas cinco estrofes, acompanhado por uma viola caipira. Dez anos depois encontrei o Chico Louco numa esquina junto aos amigos e gravei, de forma bem amadora, o próprio Francisco Ferreira cantando a música Dioguinho, sem acompanhamento, numa tarde de setembro de 2000. Confira no vídeo.





(artigos compilados dos sites http://www.crearte.com.br/carlos_genealogia_g01.htm)

* SCHNEIDER, Marília. Além da justiça: o homicida Dioguinho e seus cúmplices. Justiça & História-revista do memorial do judiciário Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Porto Alegre: Centro de Memória do Judiciário, v. 3, n. 6, p. 131-159, Papel. 2003.

José Márcio Castro Alves

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Pequena homenagem a um grande professor.



José Carlos Vaz*

Gosto de colocar uma música de fundo quando resolvo escrever. Hoje, para falar do meu personagem, escolhi a música Edelweiss. Não sei se vocês se recordam, mas esta música fazia parte da trilha sonora do filme A Noviça Rebelde. Edelweiss é uma flor rara que desabrocha em locais muito altos e de difícil acesso nos Alpes europeu.



Ela tem a forma de estrela e se mostra em uma cor branca de incrível pureza, o que lhe valeu o nome Edelweiss, que quer dizer: Branco Precioso.
A melodia composta para homenagear a beleza desta flor é doce e de uma suavidade incomum.
A pessoa de quem eu vou falar, nesta crônica de hoje, tem tudo haver com esta flor e sua música.
Trata-se do Professor José Fernando Castro Figueiredo, da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto e que faleceu em 2 de dezembro de 2009.
Não tive o privilégio de ser aluno do prof. José Fernando, mas a vida me concedeu o grande prazer de conviver um pouquinho com ele, tempo suficiente para que eu pudesse entender que estava diante de uma pessoa de grande valor, não apenas no campo profissional, mas também como ser humano.
Tivemos alguns pacientes em comum e, nos momentos em que trocamos idéias sobre os nossos doentes, fui descobrindo naquele professor de medicina, a extensão do seu conhecimento científico que o fazia respeitado não apenas no ambiente do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, mas também nos demais estados do Brasil e ainda em vários países do mundo.
Nascido em Altinópolis ele, aos vinte anos de idade, já era aluno do curso de medicina da Faculdade da USP de Ribeirão Preto de onde nunca mais saiu, pois passou a dedicar sua vida profissional e todo o conhecimento adquirido, àquela instituição de ensino.
Dos pacientes que se trataram com ele eu só ouvi elogios, não apenas pela terapêutica em si, mas ainda e sobre tudo, pela maneira humana e carinhosa com que foram atendidos.
Dos colegas de profissão que foram seus alunos, soube que ele era considerado um grande mestre e, todos que aprenderam com ele, o estimavam e respeitavam.
A vida, em seus desígnios misteriosos, acabou me oferecendo a oportunidade de conhecer um pouco mais de perto a pessoa deste professor.
Infelizmente foram momentos curtos, mas suficientes para perceber que por traz daquele mestre existia uma pessoa dotada de grande bondade, um ser humano do tipo que só dignifica a espécie.


Marido exemplar e amoroso, pai amado pelas filhas e pela neta, o Prof. José Fernando era um homem simples e manso, que falava baixinho, transmitia em seus gestos a delicadeza de sua alma e que deixava muito claro em seu olhar a enorme bondade que emanava de seu coração.
Muito discreto, tinha bons conselhos a oferecer aos que o procuravam, pois sabia ouvir as pessoas, seus problemas e aflições, para em seguida, oferecer a solução sempre baseada no bom senso e na sabedoria.
Seu irmão Marco Antonio, disse um dia à minha mulher que o Prof. José Fernando era para ele uma referência de equilíbrio e sensatez.
Recentemente, ao retornar de um Congresso na Europa onde fora proferir uma de suas palestras, o professor descobriu-se tomado por uma doença que ele sabia, seria fatal.
Reuniu os familiares para comunicar-lhes que os deixaria em breve e, com uma dignidade só encontrada em pessoas muito especiais, dedicou seus últimos dias a prepará-los para o momento mais doloroso.
Conviveu com a sua doença com uma força só encontrada naqueles que têm a consciência tranqüila de ter cumprido com galhardia, honestidade e dedicação, a missão que a vida lhes destinou.
Quando o sofrimento se tornou insuportável e ele percebeu que o momento final se aproximava, soube suportar a agonia de ter que conviver com a idéia da morte e a separação dos que ele tanto amava.
No silêncio de uma madrugada, partiu como sempre viveu: discretamente, sem alardes, sem ruídos, sem lamentações. Simplesmente, parou de respirar.
Ao Professor José Fernando de Castro Figueiredo vai aqui a homenagem dos francanos que ele tratou com carinho e sabedoria, dos que foram seus alunos e hoje utilizam o que aprenderam com ele para tratar os pacientes de nossa cidade e também daqueles que, no convívio social, puderam experimentar um pouco de sua doçura.
A USP, os pacientes, os discípulos, os amigos e familiares, todos temos a certeza de que hoje, no céu, brilha mais uma estrela com a suavidade e a enorme beleza de uma edelweiss.

José Carlos Vaz

*José Carlos Vaz da Costa é médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1973. É cirugião do Hospital Reginal de Franca com especialização em doenças e cirurgia do aparelho digestivo. Membro titular do Colégio Brasileiro de Cirugiões e membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, além de cronista e historiador.

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PRÓXIMA PÁGINA

Paulo Tadeu Vital Siqueira, amigo do peito.



Deus existe. Reencontrei meu grande amigo Paulinho, parceiro das delícias dos tempos de estudante.

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Foi na era de 1977 que nos conhecemos, precisamente em Espírito Santo do Pinhal, terra abençoada e berço de tantas boas lembranças.
O Paulinho é de Campinas e logo ficamos amigos, sorvendo todas as possibilidades da juventude naqueles quatro anos memoráveis onde a noite não acabava nunca.
Final de tarde íamos para o bar do Tonheca. O Paulinho, Rafa, Oliveira, Mineiro (Rosemberg Assunção Rodrigues), o meu irmão Maurício, o Trovão, o Cica, o Kaco e mais uma centena de freqüentadores assíduos do melhor sanduíche e a melhor cerveja fiada que se teve notícia.

O Paulinho sempre foi um ótimo aluno, sabia tudo e dava aulas num cursinho na vizinha São João da Boa Vista. Era um dos mais notórios alunos da agronomia e conhecido de todas as turmas. Estava em todo lugar, a toda hora, nos bares, nas noitadas de estudo, nos eventos culturais que promovíamos, enfim, um onipresente notório pela ligeireza de um corpo atlético e sempre lépido.
Muitas noitadas em Campinas e em Ribeirão Preto, na casa dos meus pais, terra do chope e dos futebol, nos tempos em que havia futebol. O Paulinho éra um torcedor vibrante e orgulho da Ponte Preta de Campinas, rival do nosso Botafogo de Ribeirão.

Outro lugar de boas lembranças era o meu apartamento em Pinhal, lugar que reuníamos sempre em busca de bate papo, boa mesa e muita música.
Depois de formados, ele se casou e foi morar num condomínio em Souzas, encostadinho em Campinas. Estive lá várias vezes, umas com o nosso íntimo e querido Rafa (Diógenes Raphaelli Júnior), em churrascos à beira de uma piscina, amigos e aquela vida trivial da quadra dos trinta anos.
Jogávamos xadrez, ouvíamos canções diversas e falávamos das utopias triviais de uma juventude mais madura.

Por mais de trinta anos nos distanciamos pelas circunstâncias normais dos que seguem rumos mais distantes, exigências da sobrevivência. Perdemos contato, mas não nos esquecemos.
Por um milagre digitei o nome dele da Internet e caiu no facebook, esse banco de pessoas extraordinário que muitos ainda criticam. Caí na sua página. No perfil, um homem feito, brindando o ano de 2009 com uma taça de vinho. O mesmo olhar inquiridor de uma boa prosa e um grisalho suave indicando a quadra dos cinqüenta.
Não deu outra. Em segundos estava eu mandando um recado para a África, prontamente respondido pelo engenheiro agrônomo Paulo Tadeu Vital Siqueira, um vencedor que foi além fronteiras buscar a realização profissional naquilo que gosta e sabe fazer como ninguém. Um viveiro de plantas estampado em seu mural na Internet indica a vocação do meu querido Paulinho, sempre vivo e eterno em meu coração.
Que Deus o abençoe.



Reporto o nosso reencontro via Net

Em 25 de Janeiro de 2011 mandei um recado pra ele, pedindo o e-mail, etc.
Paulinho responde:

Zé. Você é o eterno amigo, onde mora o dom de produzir as mais gratas emoções. Hoje sai pro trabalho com uma sensação alegre e de alma cheia, por ter recebido esse contato seu.
Graaaaaaaaaaaaaaande Zé Marcio
Como a vida é boa. Queria mais cem anos, se em boa parte deles eu vivesse momentos de felicidade como o que vivi hoje, e também como no dia que vi seu Blog.
O resgate de pessoas que tiveram e têm importância em nossas vidas e que nos influenciaram em tantas coisas durante tempos e tempos. Éuma experiência inesquecível.
Freqüentemente lembro de passagens, frases, momentos de ensinamentos de vida, as serestas, as suas polêmicas com o Rafinha (engraçadissimas), e principalmente os sonhos que vivemos numa época de ouro de nossas vidas.
Que Deus continue te iluminando, e que sua obra não tenha limites. Você contribui muito com a evolução de todos nós.
Obs. Vi a foto de seus filhos no Blog. Minha lembrança da Marisa era a de um bebê.
Abraço do tamanho dessa África aqui.
Paulo